sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Houve um tempo...

        Quantas pessoas você já prometeu levar pelo resto da vida, mas, delas, ficou apenas com as lembranças dos bons momentos?
       É inevitável deixarmos algumas pessoas pelo caminho. O abandono acontece, muitas vezes, de uma maneira cruelmente natural e, quando nos damos conta, a intimidade escapou de nossas mãos de forma irremediável. 
          Ando pela rua e vejo rostos. São pessoas com as quais já sorri e, não menos importante, com as quais já chorei. Hoje, esforço-me a lembrar seus nomes e isso dói. Amigos que o tempo e a distância transformaram em desconhecidos.
       Às vezes, me pego pensando nas pessoas que, um dia, compartilharam momentos considerados importantes, marcos que supostamente deveriam nos unir. Passo em frente às suas casas, imaginando se ali ainda vivem, o que fazem  e se conseguiram realizar os sonhos que há anos me contaram, com o mesmo brilho nos olhos que eu tinha ao ouvi-los. 
          Amigos não deveriam ir embora. Principalmente, se a partida acontece com uma fluidez que não permite o devido abraço de despedida. O tempo não deveria ser tão implacável e o espelho, que já amei, deveria continuar refletindo a imagem daquele jovem para quem o futuro traria tudo o que desejava. 
           Não quero ser o velho que escuta músicas de vinte anos atrás, na esperança de reviver mentalmente as travessuras da infância ou, até mesmo, as angústias da adolescência. Por outro lado, ter essas memórias guardadas em uma caixa me tranquiliza e me ajuda a seguir em frente na estrada que construi. 
          No fim, tudo o que se foi, não foi. Tudo o que vivi, não morreu. Quando paro para olhar, cada tijolo está ali. O meu hoje será meu ontem no amanhã e, por certo, também me fará falta. A saudade não é uma fraqueza que me mostra o que perdi, mas a força que me lembra o que conquistei e o que posso conquistar. O que realmente valeu a pena e passou, na verdade, não são perdas, mas ganhos que duram o tempo suficiente para marcarem.
          Por isso, tire uns minutos para ouvir aquele música antiga, rever o álbum de fotografia e pôr em dia a conversa com um amigo. Uma viagem no tempo pode ter efeitos terapêuticos inimagináveis.

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