sábado, 2 de novembro de 2013

As crônicas de um coração partido

   As pessoas lidam melhor com a perda para a morte que com a perda para a vida.

   É complicado falar sobre o amor e suas desilusões, frustrações e decepções, simplesmente, porque estamos constantemente à mercê de todos esses sentimentos, mesmo nas relações mais estáveis e duradouras.

   Provavelmente, todo mundo já viveu, vive ou viverá algo do tipo e não há como escapar, a menos que a pessoa se isole permanentemente, longe de tudo e de todos. Contudo, acredito eu, o isolamento servirá para acender ainda mais a vontade de ter alguém do lado, consequentemente, expectativas e, por fim, as inevitáveis decepções.

   Como diz o senso comum, o homem não é uma ilha e precisa estar em constante contato com outras pessoas. Afinal, é a partir dessas relações que surge o sentido da vida. Partindo desse princípio, todos nós temos uma vaga no coração, destinada àquela pessoa especial. O real problema acontece quando, na ânsia de preenchermos essa vaga e alcançarmos a plenitude, enaltecemos o primeiro alguém que corresponde a um número mínimo de requisitos para ali estar.

   Buscando uma felicidade ilusória, criamos nosso inferno particular e nos tornamos nosso próprio algoz. Ter e manter aquela pessoa passa a ser o objetivo mais importante e, se a perdemos (o que acontecerá, inevitavelmente), todo o resto parece perder o sentido.

   Dias, semanas e, em casos mais graves, meses de choro e lamento, além de tentativas frustradas de reatar, misturadas com indiretas pelas redes sociais, mensagens que vão do oito ao oitenta numa escala de amor e ódio.

   Tudo por causa de uma pessoa que se foi e, na verdade, nem era grande coisa. Sua importância existia apenas enquanto preenchia aquela vaga. Quando nos damos conta disso, o sofrimento, quase proposital, torna-se ridículo e continuamos nossa busca por mais alguém.

   Obviamente, não é nada fácil pensar racionalmente quando a vaga está em aberto e a necessidade de preenchê-la é grande, mas é o primeiro passo pra entender que ninguém é insubstituível e que, se muitas vezes a pessoa se vai, é porque já não acrescenta nada. Tornou-se pequena para aquela vaga que, evoluída, pede por algo maior, por novas experiências.

   O real sofrimento acontece quando o amor é confundido com costume.

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